A exceção de japonesa
- monicafrancesco
- 16 de jul. de 2014
- 3 min de leitura
Com uma semana antes da Misato ir embora eu preciso tentar explicar quem é esse achado de japonesa que tive o prazer de conviver e ter como minha irmã. 21 anos e que ficou aqui 11 meses. Sempre gostei da Misato, sempre tivemos boas conversas e harmonia leve, aquela pessoa boa de estar perto. Mas como ela era muito próxima da sua ‘roommate’ Laura, e eu da Natalia, tínhamos muitos rotinas opostas, mas quando as duas se foram e a Joelle chegou, e passou a ser a roommate da Misato, conseguimos nos aproximar de uma forma que hoje sofremos só de pensar na nossa separação. Viramos um trio onde tudo para nós é tão simples! Os japoneses daqui me incomodam um pouco, por serem totalmente diferentes de qualquer outra cultura e muitos não abrirem a cabeça para isso e por irritar com seus excessivos ‘bons modos’ (lhe dar com eles não é fácil), mas a Misato é à exceção desses outros japoneses. Ela é daquela que leva a vida bem suave, tranquila, de riso frouxo e que faz as coisas para o seu bem estar e não pelo o que o outro vai pensar. Ela é também aquela que limpa a cozinha de madruga, ama bolos e come todos, que fica na esteira 1h todo o dia, dança hula lindamente e que quando fala dela coloca o dedo na ponta do nariz. E por um milhão de diferenças que ela tem dos outros olhinhos puxados é que ela abriu sua cabeça para conhecer o novo e nos deu a oportunidade de vivermos juntas à experiência mais incrível de nossas vidas. Já tivemos muitas conversas sérias e sobre o sentimento na casa e com a família toda, e não só falei como tentei ensinar um pouco do que aprendi com a dor da perda do meu irmão – que apesar da dor eu aprendi a viver de uma forma diferente e mais prazerosa. E não sei quantas pessoas levaram as minhas palavras com elas, mas sei que a Misato depois de boas conversas, levou isso como um mantra, e ver que eu pude ajudar uma pessoa nesse mundo, que consegui transformar meu sofrimento em uma ‘felicidade’ me fez realizada, me fez como se eu tivesse cumprido uma missão aqui - Ainda mais se tratando da Misato. Ela me vê como um exemplo e eu a vejo dessa forma também, a gente aprendeu a se doar para o outro e aprendemos a acolher o que o outro doou e por isso essa troca de conhecimento foi tão sincero. Conheci muitas pessoas aqui e ainda conhecerei mais. Fui muito mais próxima de outras pessoas do que até mesmo dela, mas eu posso dizer que com ela é um sentimento diferente. Sentimento de irmã mesmo, de não aceitar que a vida vai nos afastar. Não sei explicar, mas existem pessoas que a gente não precisa conviver 24h para termos certos sentimentos, e a Misato é exatamente essa. E esse sentimento não é só meu, todos da casa e da escola a amam, e só loucos não a amariam. Por isso hoje ouso a dizer ela é a pessoa que mais tive prazer em conhecer aqui em Hawaii, a qual trocamos experiências, trocamos sentimentos verdadeiros e por quem vivi momentos de muitas alegrias e leve. Que as pessoas tenham a possibilidade de conhecer japonesas em exceção como elas, ou até mesmo que as pessoas aprendam e sejam um pouquinho como ela!!
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